Um levantamento interno feito pela dermatologista Denise Ozores com suas pacientes em tratamento de câncer de mama revelou um dado alarmante: sete em cada dez mulheres relataram abandono ou afastamento do companheiro após o diagnóstico. Para Denise, que também passou pela doença e hoje comemora cinco anos de cura, esse resultado mostra que o câncer atinge muito além do corpo físico, afetando autoestima, identidade e relações.
Em setembro de 2020, Denise recebeu o diagnóstico de câncer de mama em estágio inicial, mas de perfil agressivo. Passou por cirurgia, seis ciclos de quimioterapia e radioterapia até a conclusão do tratamento. Ela lembra que a queda de cabelo foi um dos momentos mais difíceis. “Quando perdi os cabelos, descobri que a vaidade era só a superfície. A verdadeira beleza é a coragem de seguir”, afirma.
Segundo Denise, a percepção clínica com pacientes em tratamento reforça o quanto a autoestima se torna um dos maiores desafios. No levantamento interno, cerca de 80% das mulheres apontaram a queda dos cabelos como a experiência mais dolorosa durante a quimioterapia, à frente até mesmo das cicatrizes da cirurgia. “Não é apenas uma questão estética, mas o medo de ser reconhecida socialmente como alguém em tratamento”, explica.
Sua trajetória se conecta com a mensagem central do Outubro Rosa, campanha internacional que começa neste 1º de outubro e alerta para a importância do diagnóstico precoce. O câncer de mama é o que mais acomete mulheres no Brasil, com cerca de 66 mil novos casos por ano, segundo o INCA. Denise reforça que, quando detectado em estágios iniciais, as chances de cura ultrapassam 90%.
Além do trabalho no consultório, a médica já participou de iniciativas voltadas à reconstrução da autoestima de mulheres em tratamento, inspirando-se em projetos como o “De Bem com Você – A Beleza Contra o Câncer”, que oferece oficinas de automaquiagem em hospitais. Para ela, a beleza natural e a auto aceitação devem caminhar junto com o tratamento médico.
Às vésperas de mais um Outubro Rosa, Denise deixa uma mensagem de otimismo. “Meu conselho para quem enfrenta momentos difíceis é se reinventar da maneira que fizer mais sentido. Seja buscando um cuidado estético que ajuda na autoestima, seja fortalecendo mudanças internas. O importante é atravessar esse período com confiança e esperança. Hoje posso dizer que vencer o câncer de mama não significa apenas sobreviver, mas também redescobrir a beleza de viver.”