Os moradores do bairro Santo Inácio estão insatisfeitos com as obras realizadas pela Corsan/Aegea, que visam implementar mudanças no sistema de esgoto local. As intervenções, que incluem a instalação de novos canos, têm gerado questionamentos quanto à eficácia, profundidade e custos futuros para os residentes.
De acordo com informações fornecidas pelos próprios trabalhadores da obra, os canos estão sendo instalados a uma profundidade de aproximadamente 1 metro. No entanto, cerca de 95% das residências do bairro não possuem o caimento necessário para se conectar ao novo sistema de esgoto. Essa discrepância indica que, no futuro, os moradores poderão ser obrigados a realizar adequações em suas casas para atender às exigências da nova infraestrutura. Além disso, há a possibilidade de cobrança de taxas adicionais e até multas nas faturas de água para aqueles que não se adequarem.
Além do receio sobre os custos futuros, os moradores criticam a execução da obra, realizada por uma empresa terceirizada. “Estão abrindo as ruas, deixando buracos e, quando fecham, é tudo feito com remendos. A situação está gerando transtornos para todos”, reclamou um morador, que preferiu não se identificar. Apesar de placas colocadas nas vias indicarem que o projeto é para o bem-estar dos moradores, muitos consideram que a intervenção está sendo mal planejada e executada.
Embora a proposta inicial de implementar um sistema de coleta seletiva de esgoto seja vista como positiva, na prática, a realidade preocupa os moradores. As casas já existentes no bairro não possuem as condições necessárias para adaptação ao sistema proposto, o que levanta dúvidas sobre a real funcionalidade e o benefício da obra.
“Fica parecendo que o objetivo é apenas atingir metas e preencher números para justificar investimentos. No final, somos nós, os moradores, que pagaremos a conta por algo que não foi pensado para a realidade das nossas casas”, desabafou outro residente.
O Portal Intera entrou em contato com o setor de imprensa da Corsan/Aegea:
A Corsan esclarece que irá analisar todos os casos de imóveis com dificuldades de conexão à rede coletora de esgoto doméstico. Os clientes nessa situação devem entrar em contato com a Companhia, por meio dos canais digitais de relacionamento com a população, e solicitar uma vistoria para verificação de caso a caso.
Estão à disposição da comunidade o aplicativo Corsan (pelo telefone celular), site www.corsan.com.br (na Unidade de Atendimento Virtual), ligações gratuitas pelo 0800.646.6444 e WhatsApp (51) 99704-6644.
O projeto de implantação da rede coletora de esgoto segue as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e o mapeamento realizado no local de implantação.
Com relação à taxa de disponibilidade do serviço de coleta e tratamento de esgoto, a cobrança é estabelecida pela Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (Agergs) e pela Agência Reguladora de Serviços Públicos de Santa Cruz do Sul (Agerst) para os imóveis localizados em endereços onde há rede de esgotamento sanitário disponível, mas que não estão interligados.
Quando as redes coletoras são colocadas à disposição, os proprietários dos imóveis atendidos recebem notificação da Corsan e têm um prazo de até 120 dias, a partir daí, para fazerem a conexão das moradias. A taxa de disponibilidade passa a ser cobrada somente depois deste prazo, caso a interligação não seja feita.