NOTA OFICIAL – DECLARAÇÕES DO GOVERNADOR EDUARDO LEITE (RS)
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, afirmou em entrevista ao programa Em Pauta, da GloboNews, na noite desta quarta-feira, que os modelos matemáticos de previsão do tempo de institutos meteorológicos não indicavam o volume de chuva que atingiu o estado nos últimos dias.
“Os modelos matemáticos previram as chuvas, em intensidade, mas não previram o volume de cerca de 300 milímetros nas diversas bacias hidrográficas da zona Norte do estado, da Região Noroeste, da Região Serrana, do Vale do Taquari – este que foi mais afetado”, disse para o canal de notícias. A declaração do governador, infelizmente, não procede. O momento no Rio Grande do Sul é de união de esforços de todos os gaúchos – e somos gaúchos – para apoiar e socorrer as vítimas da terrível catástrofe que se abateu sobre as comunidades do Vale do Taquari e do Norte do estado. Os esforços devem se concentrar nas pessoas e nas iniciativas para a retomada de um mínimo de normalidade.
O governador em sua fala, contudo, coloca em xeque o trabalho da Meteorologia e, por efeito, o nosso trabalho. Não era o nosso desejo emitir esta nota oficial neste momento de calamidade estadual, mas os esclarecimentos são devidos à sociedade gaúcha. A MetSul Meteorologia foi o único ente de previsão do tempo a advertir para a possibilidade de volumes de chuva acima de 300 mm na Metade Norte gaúcha neste começo de setembro. Como em junho tinha sido o único a alertar para a chuva extrema de 350 mm no Litoral Norte no ciclone. Como em fevereiro último emitiu a única previsão de chuva de 500 mm a 700 mm no Litoral Norte de São Paulo, prognóstico que foi reputado como “impossível” por especialistas ouvidos na mídia.
Estas previsões foram baseadas na experiência dos nossos profissionais de até 40 anos no ramo meteorológico e nas nossas ferramentas de previsão do tempo em que a nossa empresa investiu nos últimos anos que incluem modelos próprios e os de maior índice de acerto do mundo, considerados “padrão ouro” na ciência meteorológica.
No dia 31 de agosto, cinco dias antes da catástrofe, a MetSul Meteorologia publicou alerta com o título: “Setembro começa com chuva extrema, onda de tempestades e enchentes”. O aviso trazia projeção de modelo de 300 mm a 500 mm na Metade Norte e a nossa advertência de que poderia chover mais de 300 mm.
No dia seguinte, em 1º de setembro, 72 horas antes do desastre, novo alerta sob o título “Alerta: chuva virá com volumes excepcionais de até 300 mm a 500 mm”. O texto dizia que “o cenário de precipitação para estes primeiros dez dias de setembro não tem precedentes nos últimos anos”, acrescentava que “os acumulados de precipitação em algumas cidades gaúchas somente durante os primeiros dez dias do mês podem atingir praticamente a média histórica de chuva de toda a primavera” e enfatizava que “a situação foge ao convencional”. O alerta assinalava que “estatísticas históricas do Brasil e do exterior mostram que o excesso de chuva causa mais vítimas fatais que vento forte ou tempestades, assim chuva extrema é situação de elevado perigo”. Destacava ainda: “bacias de maior risco são aquelas que cortam o Noroeste, o Norte, o Centro e o Nordeste do estado, o que inclui os rios que cortam os vales (Taquari, Caí, Sinos e Paranhana) assim como o Jacuí e o Uruguai”. E advertia para enchentes repentinas com o aviso de potenciais acidentes fatais com veículos em correnteza, causa de algumas das lamentáveis mortes neste evento trágico.
Os modelos, assim, anteciparam os volumes de chuva. A gravidade do que se avizinhava já era conhecida muitos dias antes. A ciência meteorológica cumpriu o seu papel. O governador tem o nosso irrestrito apoio agora para exercer o seu papel que é liderar os gaúchos nos esforços incansáveis de ajuda e reconstrução das comunidades atingidas, vítimas de colossal desastre que nenhum meteorologista jamais deseja prever ou noticiar, assim como mandatário algum deseja enfrentar em seu mandato.
MetSul Meteorologia