Tânia Bulhões: Empresária de luxo envolvida em polêmicas e condenações por fraude

Em janeiro de 2025, a influenciadora digital Izadora Palmeira compartilhou no TikTok uma descoberta que rapidamente se tornou viral. Durante uma viagem à Tailândia, Izadora foi servida em um café local utilizando uma xícara que reconheceu como sendo da coleção Marquesa, da marca brasileira de luxo Tânia Bulhões. No entanto, ao verificar a peça, notou que não havia nenhuma identificação da marca, levantando suspeitas sobre a originalidade e procedência dos produtos.
No Brasil, a coleção Marquesa é comercializada por valores elevados; por exemplo, um conjunto de xícara e pires é vendido por R$ 210. A coleção é descrita pela marca como uma homenagem à natureza, com arte delicada e cheia de detalhes, inspirada na exuberância das antigas fazendas de Minas Gerais.

A publicação de Izadora gerou grande repercussão nas redes sociais, com muitos usuários questionando a autenticidade e o valor agregado das peças vendidas pela marca. Em resposta às críticas, a Tânia Bulhões anunciou a descontinuação de algumas de suas coleções e ofereceu aos clientes a possibilidade de troca ou devolução dos produtos adquiridos.
A empresa também divulgou um comunicado pedindo desculpas aos clientes e afirmando que está revisando seus processos de produção e fornecimento para garantir a transparência e a qualidade de seus produtos.
CRIMES E FRAUDES EM 2010
A empresária Tânia Bulhões, renomada no setor de artigos de luxo no Brasil, enfrentou diversas investigações e condenações ao longo dos anos devido a práticas ilegais em suas operações comerciais. Dona de uma rede de lojas de decoração e perfumaria com faturamento anual estimado em R$ 50 milhões, Bulhões esteve no centro de polêmicas relacionadas a fraudes fiscais e falsidade ideológica.
Em 2010, a Justiça Federal de São Paulo condenou Tânia Bulhões pelos crimes de importação fraudulenta, falsidade ideológica, evasão de divisas e formação de quadrilha. A empresária confessou ter subfaturado mercadorias importadas, declarando valores inferiores aos reais para reduzir o pagamento de impostos. Como parte da sentença, ela foi condenada a quatro anos de prestação de serviços comunitários e ao pagamento de uma indenização de R$ 1,7 milhão, destinada a 12 instituições de caridade.
As investigações revelaram que o esquema de fraude envolvia a manipulação de notas fiscais e pagamentos ilegais. Uma ex-analista de importação do grupo Tânia Bulhões, Magali Bertuol, confirmou à Polícia Federal que a empresa subfaturava mercadorias importadas, declarando apenas 30% do valor real e realizando os 70% restantes por meio de pagamentos ilegais, incluindo transferências para paraísos fiscais e uso de operações conhecidas como “dólar-cabo”.
Em sua defesa, Tânia Bulhões alegou que a fraude fiscal foi um “caso extremamente pontual” e que a empresa adotou medidas para regularizar suas operações após as investigações.
Além das condenações, a empresária firmou um acordo de delação premiada, comprometendo-se a revelar detalhes sobre as atividades ilegais de doleiros e outros envolvidos no esquema, visando obter uma pena mais branda.
O caso de Tânia Bulhões destaca a importância da integridade e da conformidade legal nas operações empresariais, especialmente em setores de alto padrão, onde a reputação é um ativo fundamental.