Como o sistema reagiu contra quem combateu a corrupção foi o foco principal das palestras do ex-procurador e ex-coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol. Entre os dias 07 e 09 de dezembro, o embaixador do Partido Novo passou por cinco municípios do Rio Grande do Sul (Santa Cruz do Sul, Santa Maria, Pelotas, Caxias do Sul e Porto Alegre) com sua Caravana pela Liberdade, atraindo centenas de pessoas aos locais dos eventos. Em maio deste ano, Dallagnol teve o registro de sua candidatura a deputado federal pelo Paraná cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “A verdade é que quando nós, da Lava Jato, somos julgados na primeira, na segunda instância por juízes técnicos, concursados, sempre ganhamos. Quando nossos casos vão para Brasília e somos julgados por ministros indicados politicamente, por esses mesmos políticos do sistema que investigamos e processamos, somos perseguidos e condenados”, enfatizou Dallagnol.
Os eventos contaram com a participação das principais lideranças locais, regionais e nacionais do partido como o presidente do Novo, Eduardo Ribeiro, o deputado federal Marcel van Hattem, o deputado estadual Felipe Camozzato e os vereadores Leonel Garibaldi (Santa Cruz do Sul), Ricardo Zanchin e Isabela Schumacher (Caxias do Sul), Tiago Albrecht e Mari Pimentel (Porto Alegre). Em todas as palestras que fez no Estado, Dallagnol disse que não entrou na política por um cargo, e sim, por uma transformação. Tanto é assim que a presença dele nos eventos vem atingindo recorde de filiações ao Novo em todo País, passando de um crescimento médio de filiados de 2% para 5% ao mês, fortalecendo as pré-candidaturas do partido às eleições municipais de 2024.
Além da apresentação dos pré-candidatos a vereadores nas cidades por onde a caravana passou, no jantar realizado em Santa Maria o Novo confirmou o nome do ex-deputado estadual Giuseppe Riesgo como pré-candidato a prefeito. Em Caxias do Sul, o partido não terá candidato próprio à prefeitura, mas apoiará o vereador Maurício Scalco – eleito pelo Novo em 2020, recentemente filiado ao PL e, atualmente, em licença interesse – para o cargo. Em Porto Alegre, o deputado estadual Felipe Camozzato lançou seu nome como pré-candidato à prefeitura da capital gaúcha. “A eleição de 2026 começa com a eleição de 2024, com a colocação de gente boa nas Câmaras Municipais e prefeituras. É assim que a gente transforma o Brasil. Por isso, decidi me unir a um time de pessoas corajosas, apaixonadas pelo País, íntegras, competentes e que lutam com propósitos que eu acredito, como a defesa da vida, da família, das liberdades, do combate à corrupção, da contenção dos abusos do STF e do Governo Federal, da colocação de todo tipo de bandido na cadeia e da geração de emprego e renda como o governador Romeu Zema vem fazendo em Minas Gerais”, destacou o ex-procurador.
Confira a entrevista feita com o ex-procurador Geral da República, Delltan Dallagnol:
Considerando o cenário político atual, como você enxerga o papel do Ministério Público na promoção da transparência e no combate à corrupção, especialmente diante dos desafios enfrentados pelo país?
“Nós estamos no dia Internacional de combate a corrupção que torna essa pergunta ainda mais relevante, contudo infelizmente eles não tem o que comemorar nesse dia. Porque depois de grandes vitórias que nós como sociedade tivemos no combate á corrupção, nós vimos foi :a destruição dos instrumentos combate á corrupção com o fim da prisão em segunda instância do Supremo Tribunal Federal; a mesma Corte ainda tirou a investigação e processamento da corrupção política da Justiça Federal onde funcionou para a Justiça Eleitoral que nunca mandou ninguém pra cadeia; o Congresso Nacional acabou com a lei de improbidade administrativa, mudou as regras de prisões e de delações premiadas, tudo isso pra garantir que nenhuma operação como a Lava Jato jamais voltasse a acontecer. Nós vimos ainda um aparelhamento do Conselho Nacional do Ministério Público, do Conselho Nacional de Justiça para punir e revidar contra promotores e juízes que atuaram no combate á corrupção. Por conta disto, vemos um Bretas afastado (líder da Lava Jato). Nós vemos o procurador-coordenador da Lava Jato no Rio de Janeiro, Eduardo El Hage punido com a pena de demissão convertida em suspensão e nós vemos um silêncio dos procuradores que não tem mais coragem de dar entrevistas porque sabem que se derem vão ser punidos”.
Em sua opinião, quais são os principais obstáculos enfrentados pelo sistema judiciário brasileiro no combate à corrupção, e quais medidas você sugere para fortalecer a eficácia das investigações e punições?
“O nosso sistema pra ser ruim ele tem que melhorar muito. O sistema já era ruim, a nossa história pré Lava Jato já era uma história de fracassos na luta contra corrupção porque existem várias brechas na lei que permitem impunidade dos poderosos. Contudo, o que a gente viu desde a Lava Jato não foi o aperfeiçoamento do sistema, mas sim foi a sua piora. hoje as coisas mais urgentes que nós precisaríamos fazer seriam: retomar a prisão em segunda instância; – acabar com foro privilegiado e mudar o sistema de prescrição e nulidade para garantir que as pessoas sejam julgadas no mérito pelo que fizeram, seja pra serem condenadas ou absolvidas e se livrarem das acusações por meio de nulidades e prescrições. Noventa e sete a cada 100 casos de prescrição em que as pessoas praticaram o crime comprovadamente vão pro rala abaixo apenas três a cada seis são punidos e ainda, são punidos com penas brandas”.
Como ex-procurador da República, quais são as principais lições que você acredita que podem ser aprendidas com as experiências da Operação Lava Jato?
“A grande lição é a de que nós não vamos mudar a política se não for por dentro da politica. Nós tentamos mudar a política de fora a partir do sistema de justiça expurgando as pessoas que praticaram crimes. O problema é que as pessoas que fazem as leis, que tem as leis nas mãos quando a corrupção é pervasiva elas não vão permitir que estas leis que estão nas suas mãos seja usadas para puni-lás, o que eles fazem é mudar as leis para permitir a sua própria impunidade”.
A caravana de Deltan Dallagnol já percorreu os estados do Paraná, Rio de Janeiro, Pernambuco, Ceará, Santa Catarina, Rondônia, Mato Grosso e Rio Grande do Sul, e encerrará em Brasília no dia 12 de dezembro, no Auditório Íon, localizado na 601 Asa Norte. As inscrições podem ser feitas pelo site do Novo: www.novo.org.br/eventos.