Prefeitura e Viação Santa Cruz unem-se em campanha para conscientizar sobre autismo
Motoristas, cobradores, atendentes de rodoviária e colaboradores da linha de frente da Viação União Santa Cruz pararam suas atividades na manhã desta quarta-feira, dia 26, e dedicaram algumas horas para compreender um pouco sobre o universo de quem vive sob o Transtorno do Espectro Autista (TEA). A capacitação, que reuniu mais de 70 pessoas na sede de eventos da empresa, ocorreu durante o lançamento da Campanha Autismo não se cura, se compreende.
A iniciativa da Administração Municipal, em parceria com a Viação União Santa Cruz, Associação Pró-Autismo de Sana Cruz do Sul (Luz Azul) e Associação Inclusão e Respeito ao Autista (Aira), tem por objetivo contribuir na integração, na acessibilidade e, por consequência, na melhoria da qualidade de vida das pessoas com TEA. A partir de hoje os ônibus da empresa estarão circulando pelas rodovias do Estado, lembrando a população e os próprios usuários sobre a importância de um transporte mais plural, respeitoso e inclusivo.
O mote da campanha está no apelo visual, criado para chamar a atenção da comunidade para a causa. Três ônibus da Viação Santa Cruz tiveram suas laterais adesivadas com o slogan da campanha, outros 50 carros estão sendo adesivados nas portas com o selo de Empresa Amiga do Autista, o logo da campanha foi adicionado aos guichês de atendimento preferencial na rodoviária e bottons com o laço que identifica o autismo foram distribuídos entre todos os colaboradores. Também a partir de hoje, pessoas com TEA e seus acompanhantes receberão um adesivo de identificação, ao comprar o bilhete de viagem.
Mas é o componente humano que vai fazer a diferença durante a campanha. Antes do ato de lançamento, as entidades Aira e Luz Azul promoveram uma capacitação para os colaboradores que no dia a dia mantêm contato direto com o público no transporte coletivo. “Fizemos uma fala mais técnica, explicando o que é o autismo, desde casos mais leves aos de grau mais severo que geralmente estão acompanhados da mãe ou de um familiar, falamos de questões sensoriais, da diferença entre birra e crise, para que eles tenham essa noção e possam saber como ajudar”, explicou a presidente da Luz Azul, Luciane de Magalhães Braz, a Neca.
Questionada sobre as dificuldades no uso do transporte coletivo para usuários com TEA e seus familiares, a vice-presidente da Aira, Eliana Flores Florisbal, deu o próprio exemplo como ilustração. Avó de um neto autista, ela passou por dificuldades quando o menino frequentava a APAE e eles precisavam se deslocar de ônibus para ir de casa até a entidade. “Era muito complicado, havia muita desinformação, as pessoas olhavam, criticavam”, lembrou.
Para Luciane e Eliana a campanha é uma semente para fazer a diferença na forma como as pessoas enxergam o autismo. “Não é só pela adesivagem dos ônibus, a gente sabe que vão para Santa Catarina, São Paulo, para todo lugar e isso é muito bom, mas principalmente pela questão do funcionário que vai poder se colocar no lugar daquela mãe, daquela pessoa com autismo e entender um pouco mais”, disse Eliana. “A Prefeitura e a Viação estão de parabéns, a gente se sente acolhido”, completou Luciane.
Idealizadora da campanha, a coordenadora do Departamento de Inclusão de Pessoa com Deficiência, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, Adriele Vargas, classificou a ação como o primeiro passo para que se multipliquem parcerias entre o poder público e a iniciativa privada que conduzam a sociedade a um estado de bem-estar social. “O objetivo principal dessa campanha é trazer visibilidade ao transtorno do espectro autista, afinal, uma sociedade consciente é também menos preconceituosa e mais inclusiva”, destacou.
Para o presidente da Viação União Santa Cruz, Flávio Paskulin, o convite da prefeitura para que a empresa fosse parceira na campanha é visto como uma grande oportunidade de levar o conhecimento sobre o autismo a um grande número de pessoas, mas de modo especial aos próprios colaboradores. “Nos identificamos com a proposta e nos engajamos neste trabalho porque entendemos a importância dessa causa”, avaliou. Para ele, a campanha é uma forma de servir a comunidade. “Estamos aprendendo muito com este momento e queremos que nossos colaboradores tenham mais conhecimento sobre o autismo e busquem uma maior empatia, procurem focar nesse atendimento diferenciado, nesse cuidado. Dessa forma queremos servir a sociedade, o município e a região”, ressaltou.
Ao se pronunciar, o vice-prefeito Elstor Desbessell disse que no setor público os desafios são constantes e que a causa do autismo vem para provocar mudanças rumo a uma sociedade mais inclusiva . “De uns anos para cá ouvimos falar mais sobre a questão do autismo, muita gente ainda não conhece, não entende. As pessoas com essa condição talvez não tenham sido olhadas e assistidas da forma como deveriam, mas nunca é tarde”, disse ele. Desbessell classificou o ato de lançamento da campanha como o momento mais importante do seu dia. “O que esta empresa está fazendo hoje com esta iniciativa, ao envolver seus colaboradores que estariam agora realizando outra atividade, é um gesto grandioso que a comunidade precisa saber, reconhecer e valorizar”.
Ao final do ato de lançamento todos foram convidados a embarcar em dois coletivos adesivados com o slogan da campanha. Eles fizeram o trajeto até a estação rodoviária, onde puderam ver as adaptações feitas nos guichês do atendimento preferencial e conhecer as demais ações que terão sequência no decorrer da campanha.
Para compreender o autismo é preciso informação, afirmou a secretária Roberta Pereira
A compreensão acerca do Transtorno do Espectro Autista passa pelo caminho da educação e do conhecimento. Assim definiu a secretária municipal de Desenvolvimento Social, Roberta Pereira, que também participou na manhã desta quarta-feira, do lançamento da Campanha Autismo não se cura, se compreende, na sede da Viação União Santa Cruz.
Roberta entende que o autismo é um assunto que ainda poucas pessoas conhecem e que é justamente a disseminação de informações sobre o tema que vai construir uma sociedade mais empática. “As pessoas precisam compreender mais e elas só vão ter a oportunidade de entender mais sobre o autismo quando a informação chegar nelas”, observou.
Nesse empenho por uma educação inclusiva, parcerias do poder público com a iniciativa privada são mais que bem-vindas. “Vejo um mar de possibilidades de ampliarmos parcerias com a iniciativa privada, formatando ações de acordo com a natureza da empresa, mas dando mais visibilidade no momento em que se tem acesso à população e se consegue promover ações educativas”, frisou.