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Trump 2025: o que esperar do polêmico retorno à Casa Branca?

Eleito presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que já ocupou a Casa Branca de 2017 até 2021, assume o cargo no dia 20 de Janeiro em evento que apesar de uma intensa nevasca promete angariar milhares de apoiadores. O empresário, conhecido pela sua visão nem um pouco ortodoxa da política externa americana, agora irá chefiar o influente Estado americano até 2029, levantando a questão: o que será do mundo nos próximos 4 anos?

Antes mesmo de sua posse, Trump já deu sinais dessa resposta ao declarar publicamente um interesse em anexar o Canadá, a Groenlândia e o Canal do Panamá e em alterar o nome do Golfo do México para “Golfo da América”. Tais movimentações envolvendo territórios no Continente Americano refletem dois elementos que são parte fundamental da política externa de Trump: o nacionalismo populista e um menor apreço à aliança transatlântica, refletido na sua vontade de anexar território de dois países-membro: o Canadá e a Dinamarca.

Este segundo é, talvez, um dos maiores diferenciais de Trump na política externa. Isso porque, confrontando o pensamento tradicional americano, o novo presidente tem uma visão mais crítica em relação à OTAN, argumentando que os demais países-membros não cumprem suas funções na organização como o investimento mínimo previsto do PIB para a defesa, por exemplo. Trump também acredita que a tradicional aliança transatlântica com raízes que remontam à primeira guerra mundial tem o efeito de ocupar as Forças Armadas americanas com assuntos que deveriam ser resolvidos pelos Estados europeus, e já criticou abertamente a organização em inúmeros episódios.

Desafios para a OTAN e para a Europa

Esse posicionamento do novo Chefe de Estado americano faz com que a resposta para a pergunta do primeiro parágrafo para os demais países da aliança transatlântica seja que os próximos 4 anos serão extremamente delicados para a OTAN e provavelmente muito desgastante, contando com menor apoio e maior pressão por parte dos EUA. As consequências desta insegurança mútua irão levar provavelmente a uma militarização de países europeus e um desgaste nas relações diplomáticas dentro da organização.

Ainda na Europa, é esperado por analistas uma alteração significativa no contexto da guerra entre Rússia e Ucrânia. Trump, que já sinalizou que pretende diminuir o apoio militar à Ucrânia e prometeu durante a campanha negociar o fim da guerra, deve utilizar o colossal poder diplomático americano para abrir caminho para um cessar-fogo e mediando os interesses russos, ucranianos e, naturalmente, americanos. Apesar disso, não se pode esperar, como prometido em campanha, que este processo seja extremamente rápido, com este enfrentando obstáculos como a disposição ucraniana para lutar, a dificuldade de negociação causada pelo isolamento da Rússia e uma enorme pressão doméstica no legislativo americano para continuar apoiando Kiev.

Mudanças na Ásia

O continente deve sofrer significativas mudanças com o republicano na Casa Branca. A primeira delas é a relação entre China e EUA, que deve piorar de forma significativa tanto no âmbito da Geopolítica quanto na economia. Trump, seguindo uma tendência iniciada no primeiro governo e seguida durante o governo Biden, acredita que a energia do Estado americano na Geopolítica deve estar direcionada de forma quase exclusiva no enfrentamento à China, excluindo a Rússia, que muitos burocratas ortodoxos americanos defendem como sendo uma rival considerável.

O Oriente Médio também figura entre uma das regiões mais afetadas, com Trump prometendo ser extremamente combativo na luta contra o Irã e os grupos terroristas. Assim, a nova administração americana promete trazer desafios significativos ao Irã e seus grupos satélites com uma política ainda mais incisiva contra estes. Israel de Netanyahu, por sua vez, se mostra extremamente contente com o novo líder americano e otimista para os próximos quatro anos, confiante de que vai receber ainda mais apoio de seu principal parceiro, os EUA.

Comércio e Política Internacional

Outra grande tendência que deve se concretizar durante é o colapso do Comércio Internacional liberal liderado pelos EUA nas últimas décadas. Este fenômeno já tinha se tornado tendência por conta da gradual diminuição da hegemonia americana e uma maior instabilidade no Cenário Internacional, mas o protecionismo de Trump deve atuar como agente impulsionador dessa alteração no Comércio Internacional, promovendo políticas protecionistas na América, criando tarifas para produtos vindos de fora e aumentando de forma significativa a guerra comercial contra a China, colocando em xeque o modelo atual neoliberal da economia internacional.

Paralelamente, o simbolismo da posse de Trump traz mais um elemento extremamente importante de se analisar na Política Internacional: o impulsionamento de lideranças políticas populistas e nacionalistas dentro do campo político da Direita. Este fenômeno é perceptível ao se notar a proximidade de Trump com figuras como Viktor Orban, da Hungria, e Netanyahu, de Israel, além de inúmeros outros, principalmente pelas Américas, Europa e Oriente-Médio.

Este fenômeno impulsiona a onda de crescimento mundial de um setor populista da direita, fomentando estes movimentos por diferentes países e desafiando o status-quo em boa parte deles. Lideranças como os já citados primeiros-ministros da Hungria e de Israel, o presidente argentino Javier Milei, o El-Salvadorenho Bukele e, embora de maneira limitada, Jair Bolsonaro no Brasil, provavelmente irão se beneficiar do novo aliado na Casa Branca tanto na política doméstica de seus países quanto no Cenário Internacional. Partidos deste mesmo setor da Direita também devem se beneficiar em inúmeros outros países, como França e Alemanha.

Naturalmente, a volatilidade do Sistema Internacional e o resultado de diferentes episódios que não dependem de ações de Trump podem impulsionar ou frear suas políticas, e é impossível saber com antecedência o resultado e os impactos efetivos de seu mandato no Cenário Internacional. Ainda assim, não restam dúvidas que a transição do tradicional pensamento de política externa do Estado americano presente na administração Biden para o não-ortodoxismo que promete estar presente na segunda administração Trump irá trazer significativas consequências para o mundo e que o clima após a posse do novo presidente no dia 20 de Janeiro será de mudança.

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