Manutenção e ampliação da UTI Pediátrica do Hospital Santa Cruz
A mobilização pela manutenção da UTI Pediátrica do Hospital Santa Cruz (HSC) resultou em uma vitória ainda maior para o Vale do Rio Pardo. O engajamento de representantes da instituição, do Poder Público Municipal e da comunidade de Santa Cruz do Sul e região fez com que o serviço não só permanecesse na cidade, mas também fosse ampliado.
A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal e Pediátrica do Hospital Santa Cruz (HSC) foi inaugurada em 1997. Com a mudança, os dois serviços serão desmembrados e terão sua capacidade de atendimento aumentada.
A UTI Pediátrica, que recebe crianças de 29 dias a 12 anos, passará de dois para cinco leitos, dos quais quatro estão destinados a atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Na UTI Neonatal, para recém-nascidos até 28 dias, o número de leitos passará de oito para 10, sendo oito via SUS.
A expectativa é de que a obra da UTI Pediátrica comece até o início de julho deste ano e deva ser concluída em 120 dias. O diretor-geral do HSC, Vilmar Thomé, enalteceu a união de forças da comunidade em defesa da saúde da região. “A implantação dos novos leitos de UTI Pediátrica teve um envolvimento coletivo, com a articulação de muitas lideranças e agentes políticos que se mobilizaram em busca de uma alternativa equilibrada para a população e também para a sustentabilidade financeira do Hospital”, avaliou.
Para a prefeita de Santa Cruz do Sul, Helena Hermany, a manutenção e ampliação dos serviços foi o resultado de um trabalho construído a muitas mãos. “A comunidade santa-cruzense não poderia perder essa estrutura tão valiosa, que tem salvado tantas vidas ao longo dos anos. Nosso empenho, junto com as lideranças locais, para a sensibilização do Governo do Estado garantiu essa grande conquista para a saúde de Santa Cruz do Sul e região”.
Durante 2022, a UTI Pediátrica do HSC manteve uma média de internações de oito pacientes por mês, com a maioria dos casos provenientes de Santa Cruz do Sul. Essa estimativa vem se repetindo durante 2023. Pode não parecer um número tão grande, mas o período de permanência dentro do hospital, em alguns casos, muitas vezes chega a até três meses.
Conforme a diretora de Enfermagem do hospital, Fernanda Gallisa, a reestruturação das UTIs Neonatal e Pediátrica consolida ainda mais a instituição como referência na área materno-infantil. “É um ganho para toda a comunidade, pois qualifica a assistência de forma mais especializada, direcionada para os pacientes que necessitam de atendimento pediátrico, além de proporcionar maior segurança à população por meio da ampliação do número de leitos.”
A visão de Fernanda é compartilhada pelo vice-prefeito e secretário municipal de Saúde, Elstor Desbessell. “Contar com a UTI Pediátrica aumentada será um grande diferencial no atendimento em saúde do município. O serviço fará a diferença na vida de muito mais pessoas”, avaliou.
Responsável por organizar uma reunião com a secretária estadual de Saúde, Arita Bergmann, em janeiro do ano passado, que bateu o martelo sobre a manutenção e ampliação dos leitos neonatais e pediátricos, o vereador e líder do Governo, Henrique Hermany, enalteceu a luta da comunidade. “Aquele foi um dia muito feliz, com uma notícia que trouxe alívio e esperança para quem é pai, mãe, avô e avó”.
Case 1 – “Segurança no atendimento”
Foi com a frase título da canção “Dias de luta, dias de glória”, da banda Charlie Brown Jr, que Maiquel Behm descreveu o seu estado de ânimo na tarde de segunda-feira (06/06). Ao lado da esposa Camila Lopes de Almeida, ele comemorava o retorno do filho Pedro Gael, 3 anos, para casa. O menino recém encerrara uma jornada de 40 dias de hospitalização, dos quais 30 foram passados na UTI Pediátrica do Hospital Santa Cruz (HSC). “Foi um alívio receber a notícia da alta. A gente viveu a tensão de quase perdê-lo”, conta Camila.
Com paralisia cerebral e epilepsia, Pedro apresenta uma saúde frágil. Para dar atenção integral ao filho, Camila abandonou o emprego logo que ele nasceu. Desde então, dedica seus dias a cuidar de Pedro. Com pneumonia grave nos dois pulmões e síndrome respiratória aguda grave (Sars), o menino ainda enfrentou 20 dias de entubação. A estrutura do HSC ajudou Camila a ter mais tranquilidade durante o processo. “Quando se está na UTI, a gente tem mais segurança em relação ao atendimento”.
Logo que nasceu, o garoto precisou dos serviços da UTI pela primeira vez. Com o esgotamento dos recursos médicos para o seu caso, foi necessária a transferência para um hospital especializado em Porto Alegre. Camila recorda das horas de angústia dentro da ambulância, em direção à capital do Estado. “Nunca mais quero passar por essa experiência. Foi desesperador ter que viajar daqui para outro lugar”, avalia.
Camila lembrou das dificuldades que enfrentou durante os 95 dias de internação do filho em Porto Alegre. Longe da própria casa, ela se viu em uma rotina caótica de luta pela vida do filho. Um quadro que não precisou reviver desta vez. “Agora mudou tudo. Tive minha mãe por perto, eu e o Maiquel também pudemos revezar os turnos no hospital. Podia vir em casa tomar banho e descansar um pouco”.
Do atendimento na UTI Pediátrica, Camila guarda boas referências. “Ele foi muito bem cuidado na UTI. Os médicos são muito bons, nos trataram com humanidade”. Além disso, Pedro seguirá recebendo cuidados ambulatoriais e de médicos nas áreas de neurologia, gastroenterologia e pediatria.
Com Pedro Gael recuperado, a família planeja ir aos poucos recuperando a normalidade do cotidiano. “Foram 40 dias de correria, de pouco contato entre nós. Estou feliz por estarmos de novo em casa, com a família reunida”, concluiu Maiquel.
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Case 2 – “Aqui, pude ficar perto da família”.
Moradora de Vera Cruz, a dona de casa Meiriele Endler passou pelo sufoco de ter duas filhas internadas na UTI Pediátrica do HSC. A pequena Megan, de 2 anos, já precisou do serviço em duas oportunidades. A primeira, logo ao nascer, por ter vindo ao mundo prematura, foi uma estada de poucas horas, obedecendo a protocolos médicos.
Na segunda, recorda a mãe, a situação foi bem mais tensa. Uma crise diabética levou a uma internação às pressas, de sete dias, com risco de falência de órgãos. “Foi a primeira vez em que eu vi a importância de ter uma UTI por perto, porque ela não resistiria a uma viagem mais longa”, comentou.
Cerca de dois meses atrás, Meiriele viu-se novamente nos corredores da UTI. Desta vez para acompanhar a filha caçula, Maitê. O bebê engoliu líquido do parto e necessitou de aspiração dos pulmões, além de uma estada de cinco dias na unidade de tratamento intensivo.
Mãe de mais quatro filhos – Misael (15), Melissa (13), Madeleine (8) e Micaela (4), Meiriele revela que a proximidade entre sua casa e o hospital foi fundamental para que pudesse acompanhar as filhas internadas sem deixar de lado as responsabilidades domésticas. “É uma agonia a mais não saber para onde a gente pode ser encaminhado. Aqui, pude ficar perto da família”, avaliou.
Para Meiriele, o acesso fácil à UTI Pediátrica diminuiu o estresse da família com as internações, ajudando a transmitir mais tranquilidade às crianças enfermas. “Eu saia de lá tranquila, sabendo que a equipe estava cuidando bem de minhas filhas.
Com a saúde das filhas restabelecida, Meiriele tem lembranças positivas do atendimento na UTI Pediátrica e celebra a notícia de manutenção e ampliação do serviço. “Ele é fundamental para a região e isso provocará o aumento na oferta de atendimento à comunidade”.