Sapataço discute a visibilidade lésbica na Praça da Bandeira
O astral foi de descontração mas a pauta era muito séria. O Dia da Visibilidade Lésbica foi marcado por um ato realizado na praça da Bandeira, na esquina das ruas Marechal Floriano e Sete de Setembro, no início da noite de terça-feira (29).
O “Sapataço”, realizado pela primeira vez em Santa Cruz do Sul, integra o cronograma de atividades da Coordenadoria Municipal da Diversidade. O coordenador da Diversidade, Ruben Quintana, destacou que o município vem promovendo ações diversas de conscientização e combate ao preconceito contra pessoas LGBTQIA+.
Conforme Quintana, muitas vezes a mulher lésbica é duplamente discriminada, pela condição de gênero e também pela orientação sexual. “Esse preconceito é ainda mais intenso no caso das mulheres negras, lésbicas e periféricas. São vários tipos de demanda que chegam até nós a partir disso”.
Quintana ainda salientou que, apesar de as mulheres lésbicas virem tendo uma maior aceitação com o passar do tempo, ainda são submetidas a muitas violências e constrangimentos. “O desrespeito e o preconceito ainda são muito presentes no cotidiano”.
De acordo com ele, o evento busca reforçar o papel da coordenadoria diante da sociedade, dando visibilidade às pessoas que se encontram marginalizadas no processo social. O órgão municipal conta com diversos serviços de apoio à comunidade LGBTQIA+, como assessoria jurídica, encaminhamento para vagas de emprego e também para o AmbTrans, parceria com a Unisc para o atendimento de questões de saúde física e mental.
O encontro teve roda de conversa, distribuição da cartilha da Coordenadoria de Diversidade e música. Vice-presidente do Conselho Municipal dos Direitos LGBTQIA+, Juliana Hofmeister acredita que a causa merece um mês inteiro de debates devido à sua importância. Segundo ela, há muitos pontos ligados ao assunto que precisam de maior discussão, como o direito à maternidade e os episódios de violência verbal e física, como ameaças de estupro.
Juliana lembra que é comum mulheres lésbicas ouvirem comentários desagradáveis como “ainda não conheceu um homem de verdade”. “Por isso é importante que tenhamos voz e a sociedade aprenda que este tipo de fala não é aceitável”. Ela ainda considera a equiparação da homofobia ao crime de racismo como “um passo importante na defesa de nossos direitos que ainda são esquecidos”.
A primeira miss lésbica de Santa Cruz do Sul eleita em passarela, Josy Marques, também prestigiou o evento. Ela, que conquistou o título em 2021, vê grandes avanços na defesa da causa LGBTQIA+ em Santa Cruz do Sul desde que chegou ao município, há cerca de 10 anos. “O município hoje é uma referência e é bom ver a cidade crescendo neste aspecto”.
Josy considera a criação da Coordenadoria da Diversidade, durante o governo da prefeita Helena Hermany, um ato bastante significativo. Ela salienta que o Sapataço é um evento pela defesa de direitos e respeito às mulheres lésbicas.
O Sapataço foi uma promoção da Coordenadoria da Diversidade, com apoio da ONG Desafios e do Conselho Municipal da Diversidade.